
J o r g e P a p r o c k i - Psiquiatra
ENSINO
HISTÓRIA DA MEDICINA E PSIQUIATRIA
HISTÓRIA DA PSICOFARMACOTERAPIA EM MINAS GERAIS:
PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS (1950-2000)
Postado em 07 de janeiro de 2015
Cláudia Hara, Fábio Lopes Rocha
Curso de Psicofarmacoterapia da Residência em Psiquiatria do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG)
INTRODUÇÃO
Ao se completar meio século do emprego de psicofármacos no tratamento dos transtornos mentais, dispõe-se de um arsenal de medicamentos muito apreciável e bastante eficaz no tratamento dos transtornos depressivos, bipolares, obsessivo-compulsivos, pânico, fobia social, transtorno pós-traumático, transtornos alimentares e esquizofrênicos. O imenso e sempre crescente volume de publicações acerca de psicofarmacoterapia nos dá a medida da importância de seu impacto na compreensão e no tratamento dos transtornos mentais. Utilizando-se a MEDLINE, pode-se ter uma ideia aproximada do crescimento global do número de publicações em revistas indexadas envolvendo antipsicóticos, antidepressivos, antimaníacos, ansiolíticos e sedativos não barbitúricos. No ano de 1966, foi publicado um total de 221 artigos acerca de psicofármacos dos quais apenas 28 são resultados de ensaios. Em 1976, foi publicado um total de 815 artigos, sendo 159 resultados de ensaios. Em 1986, foram publicados 1695 artigos sendo 215 resultados de ensaios. Finalmente, em 1996, foram publicados 2997 artigos dos quais 493 são resultados de ensaios. O mérito do primeiro levantamento bibliográfico acerca de psicofarmacoterapia no Brasil cabe a Isaias Pain e J. Caruso Madalena que, em 1966, publicaram na "Revista de Psiquiatria" a "Bibliografia Brasileira de Psicofarmacologia" que continha 152 referências bibliográficas. Uma segunda publicação resultou do encontro acidental de dois levantamentos realizados independentemente por J. Caruso Madalena e por Paprocki J, que foram reunidos em um só corpo e publicados na "Folha Médica" em fevereiro de 1972. O terceiro levantamento foi publicado em 1972 por Paprocki J, Rangel E e Ratton AM. Em 1986 e 1987, Paprocki J, Rocha FL, Villela GFJ e Lima WL organizaram a "Bibliografia Brasileira de Psicofarmacoterapia, 1954-1984". Até o momento, não se tem conhecimento acerca de levantamentos similares realizados por regiões ou estados brasileiros. O presente trabalho tem como objetivo levantar e analisar a publicação de artigos em psicofarmacoterapia dos psiquiatras de Minas Gerais no período de 1954 (ano do primeiro trabalho publicado no Brasil) a 1998, isto é, no lapso de 44 anos.
METODOLOGIA
O levantamento no período de 1954 a 1984 foi realizado através da "Bibliografia Brasileira de Psicofarmacoterapia, 1954-1984". Para o período de 1985 a 1998, utilizou-se o banco de dados LILACS. Foram computados somente os trabalhos de psiquiatras residentes em Minas Gerais publicados em revistas nacionais. Estes trabalhos incluíram ensaios clínicos com psicofármacos, metodologia em pesquisa psicofarmacológica e generalidades acerca de psicofarmacoterapia, englobando-se aqui artigos sobre distúrbios psiquiátricos cujo enfoque terapêutico básico fosse o farmacológico, assim como artigos de revisão onde o autor expressa sua opinião acerca de um determinado tema através de resenha de outros autores.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A publicação de artigos e a pesquisa de psicofármacos em Minas Gerais tiveram início com dois trabalhos, o primeiro foi "Terapêutica Neuroléptica em Psiquiatria", publicado por Ribeiro I e Ribeiro A, em 1957 e o segundo foi "Terapêutica Reserpinica em Psiquiatria", publicado por Ribeiro I, Ribeiro A e Portela JM, em 1959. Em 44 anos, de 1954, ano da primeira publicação brasileira em psicofarmacoterapia, a 1998, foram publicados 124 trabalhos sobre terapêutica psicofarmacológica por psiquiatras mineiros, o que resultou em uma média de 2,8 artigos por ano. (FIG. 1)
Analisando-se o gráfico, pode-se notar que a publicação psicofarmacológica ao longo do período foi muito irregular. Houve etapas de produção mais elevada e etapas de escassa produção. Por exemplo, de 1962 a 1966, houve uma média de 3,8 trabalhos por ano; de 1969 a 1971, uma média de 6,7; de 1975 a 1977, uma média de 5,3; de 1990 a 1992, média de 9,3 e de 1996 a 1998, média de 4,7 trabalhos por ano. Em contrapartida, no período de 1978 a 1987, houve uma queda significativa nessa produção, com média de 0,8 por ano.
A figura 2 mostra que a maior parte dos artigos de resultados de ensaios clínicos (81%) ocorreu no período de 1960 a 1978. Já a publicação de artigos de revisão e generalidades em psicofarmacoterapia concentra-se no período de 1988 a 1998 (70%) (FIG. 3). Em outras palavras, no período de 1960 a 1978 pesquisou-se mais, no período de 1988 a 1998, pesquisou-se menos e escreveu-se mais. Sessenta e um psiquiatras estiveram envolvidos nessas publicações, 31 na qualidade de autores e 30 como coautores. A tabela 1 mostra os 12 psiquiatras mineiros com maior número de contribuições.
Deve-se notar que as 124 publicações envolveram 61 psiquiatras, mas como os artigos frequentemente são publicados por vários autores, houve um total de 198 publicações entre autores e coautores. Os 12 psiquiatras que mais publicaram foram responsáveis por 64% dessas publicações. Cerca de um terço das participações coube aos dois psiquiatras com maior número de trabalhos, Paprocki J e Rocha FL e em torno de um quinto das participações foi do psiquiatra que mais publicou, Paprocki J. Este último autor foi também o responsável pelo maior número de publicações de ensaios clínicos com 43% das participações. Dos 124 trabalhos publicados, 51 (41%) foram resultados de ensaios clínicos. Desses, a maior parte, isto é 75%, envolveu antipsicóticos e antidepressivos. Outros 70 trabalhos foram artigos de revisão em psicofarmacoterapia e apenas três sobre metodologia. (TAB. 2)
CONCLUSÕES
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No período de 1954 a 1998, isto é, em 44 anos, foram publicados 124 trabalhos sobre terapêutica psicofarmacológica por psiquiatras mineiros, o que resultou em uma média de 2,8 artigos por ano.
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A publicação de artigos acerca de psicofarmacoterapia ao longo do período foi muito irregular. Há etapas de produção muito elevada e etapas de escassa produção.
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A maior parte das publicações de artigos de resultados de ensaios clínicos (81%) ocorreu no período de 1968 a 1978. Já a publicação de revisões e generalidades em psicofarmacoterapia concentra-se no período de 1988 a 1998 (70%)
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Aproximadamente metade dos trabalhos publicados foram resultados de ensaios clínicos. A outra metade refere-se a revisões e generalidades em psicofarmacoterapia. Apenas três publicações versaram sobre metodologia de pesquisa
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Sessenta e um psiquiatras participaram das publicações. 31 na qualidade de autores e 30 na qualidade de coautores
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Contabilizando-se autoria e coautoria, houve um total de 198 participações. Os 12 psiquiatras que mais publicaram foram responsáveis por 64% dessas participações. Cerca de um terço das participações coube aos dois psiquiatras com maior número de trabalhos, Paprocki J e Rocha FL. Um quinto das participações foi do psiquiatra que mais publicou, Paprocki J. Este autor foi também responsável pelo maior número de ensaios clínicos com 43% das participações.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Dr. Jorge Paprocki pela receptividade com a proposta deste trabalho, sugestões e avaliação crítica.





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