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ENSINO

ESTIGMATIZAÇÃO - UMA VISÃO ETOLÓGICA

Postado em 13 de fevereiro de 2015

 

Jorge Paprocki

Psiquiatra pela ABP / AMB / CFM

Membro Emérito da Academia Mineira de Medicina

Membro Fundador da Associação Brasileira de Psiquiatria

 

 

 

SUMÁRIO

 

  • Territorialidade e gregarismo

  • Alimentação e predação na origem da violência e agressividade

  • Instintos e comportamento xenofóbico

  • Os primatas antropoides

  • Guerras, genocídios, assassinatos e bullying

  • Estigmatizações e preconceitos

  • Prováveis origens da xenofobia e estigmatização

  • Resumos e conclusões

  • Referências

  • Gravuras


 

TERRITORIALIDADE E GREGARISMO - 1ª PARTE
 

Em biologia, entende-se por território qualquer área geográfica usada como fonte de alimento ou local de abrigo por parte de um indivíduo ou por parte de um grupo de indivíduos da mesma espécie. Esse território, usualmente, é defendido, de maneira acirrada, das invasões realizadas por indivíduos ou grupos da mesma espécie ou, eventualmente, por indivíduos ou grupos de espécies diferentes. Os animais que defendem os seus territórios recebem o nome de animais territoriais. Exemplos de animais territoriais: a hiena (Crocuta crocuta), o rinoceronte indiano (Rhinoceros unicornis). Exemplos de animais não territoriais são a capivara (Hydrochoerus hydrochoeris), o veado (Cervus elaphus) e o alce (Alces alces) (1,2,3,4,5).


Gregarismo (latim: grei =bando, rebanho) refere-se ao hábito de viver em grupo, o que é considerado como estratégia protetora adotada por muitas espécies de animais. Os animais que adotam essa maneira de viver recebem o nome de animais gregários ou animais sociais. Os animais que não adotam essa maneira de viver recebem o nome de solitários. Exemplos de animais gregários são os elefantes (Lexodonta africana) e as girafas (Girafa camelopardalis). Exemplos de animais não gregários ou solitários são o tigre (Panthera tigris), o tamanduá bandeira (Myrmecophaga trydactyla), o orangotango (Pongo borneus) e o urso polar (Ursus maritimus). Entre os animais gregários costuma-se diferenciar aqueles que têm uma organização hierárquica bem definida, como os gorilas (Gorilla gorilla) e os chimpanzés (Pan troglodyte) e aqueles que não tem uma organização hierárquica bem definida como o bisonte americano (Bison bison) e as lhamas (Lama glama) (1,2,3,4,5).


Entre os mamíferos, existem algumas espécies que adotam ambos estilos de vida, isto é, são territoriais e gregários: são os leões (Panthera leo), os lobos (Canis lupus), os hipopótamos (Hipopotamus amphibius) e, entre os primatas, os chimpanzés (Pan troglodytes), os gorilas (Gorilla gorilla), os macacos do velho mundo (catarrhini) como os babuínos (Papio papio) e os macacos do novo mundo (platirrhini) como os bugios (Símia belzebul) (1,2,3,4,5).


Existem espécies de animais com graus diferentes de gregarismo. Assim, alguns primatas antropoides adotam um estilo de vida solitário, como os orangotangos (Pongo borneus); outros adotam um estilo de vida monogâmico e vivem em pequenos grupos familiares, como o gibão (Hylobates bar); outros ainda, adotam um estilo de vida gregário e social, em agrupamentos de dezenas de indivíduos, como ocorre com os chimpanzés (Pan troglodytes) e os gorilas (Gorilla gorilla) (tabela 1).


Existem, também, espécies de animais com graus diferentes de territorialismo. Entretanto, naquelas espécies onde as características de territorialismo são muito pronunciadas, o gregarismo desempenha um papel mais importante porque propicia uma cooperação maior, por parte dos participantes de um grupo, na defesa do território. Outrossim, naquelas espécies que são intensamente gregárias, também há o desenvolvimento mais intenso do comportamento territorial, indispensável para defender e ampliar o território, em função do aumento das exigências grupais (2,3,4).

 

 

ALIMENTAÇÃO E PREDAÇÃO NA ORIGEM DA VIOLÊNCIA E AGRESSIVIDADE - 2ª PARTE


Dentro do enfoque da “cadeia alimentar” encontramos, na natureza, dois tipos de seres vivos: os autótrofos e os heterótrofos. Os autótrofos produzem seus próprios alimentos a partir da água, gás carbônico e substâncias minerais retiradas do meio ambiente: são constituídos pelas plantas, as algas e algumas bactérias. Os seres heterótrofos herbívoros alimentam-se ingerindo os autótrofos e são chamados de consumidores primários. Os seres heterótrofos carnívoros alimentam-se consumindo os heterótrofos herbívoros e outros heterótrofos carnívoros e são chamados de consumidores secundários (tabela 2).


Uma outra classificação, de enfoque alimentar, divide os seres vivos em especialistas e oportunistas. Os especialistas, geralmente, heterótrofos herbívoros consomem um tipo determinado de alimentos: urso panda (Ailuropoda melanoleuca) que se alimenta, principalmente, com brotos de bambu; o coala (Phascolarctos cinereus) que se alimenta com folhas de eucalipto e o tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla) que se alimenta de formigas e cupins. Os oportunistas podem ser heterótrofos herbívoros e carnívoros. Os heterótrofos herbívoros consomem uma variedade grande de vegetais, como os elefantes (Lexodonta africana). Os heterótrofos carnívoros, como os leões (Panthera leo) e os tigres (Panthera tigris), consomem grande variedade de espécies animais. Existe uma categoria de seres vivos chamados omnívoros que se alimenta de seres vivos autótrofos, heterótrofos herbívoros e heterótrofos carnívoros. Habitualmente os omnívoros também são oportunistas. Exemplos de seres pertencentes a essa categoria são o javali (Sus scrofa) e o homem (Homo sapiens) (1,2,3,4,5).


Quando indivíduos de uma determinada espécie caçam, matam e devoram indivíduos de outra espécie recebem o nome de predadores. Os indivíduos devorados recebem o nome de presas ou vítimas. A presença de agressividade e de violência constitui-se em uma norma, principalmente, nas espécies heterótrofas carnívoras e omnívoras oportunistas. Quando esse comportamento ocorre dentro da mesma espécie, recebe o nome de canibalismo. As características de grande agressividade são mais pronunciadas nos animais heterótrofos carnívoros e omnívoros apesar de existirem animais heterótrofos herbívoros muito agressivos como o rinoceronte (Rinocerus unicornis), o hipopótamo (Hipopotamus amphibius) e o bisonte americano (Bison bison) (1,2,3,4,5).


Os predadores dividem-se em monôfogos, que consomem somente um tipo de presa, como os tamanduás (Myrmecophaga trydactila); os oligofagos, que consomem um pequeno número de presas, como o urso polar (Ursus maritimus); os polífagos, que consomem um grande número de presas como os leões (Panthera leo) e os humanos (Homo sapiens) (1,2,3,4,5).


Acredita-se que o Homo sapiens tenha desenvolvido e aprimorado a sua agressividade e violência quando incluiu a carne em sua dieta há três milhões e quinhentos anos e, principalmente, quando aprendeu a caçar e matar animais de grande porte. Isso teria ocorrido há cerca de 50.000 anos, quando houve o desenvolvimento de armas como lanças, arcos e flechas e facas de sílex e os bandos humanos começaram a formar tribos. É provável que nessa fase o Homo sapiens tenha se tornado um predador agressivo que aprendeu a perseguir, matar e devorar suas presas, como faziam todas as espécies de animais heterótrofas carnívoras e omnívoras oportunistas.


Com a domesticação e confinamento de animais comestíveis, com o desenvolvimento da agricultura e consequente sedentarização e formação de vilas e aldeias, o Homo sapiens passou a conviver com um número cada vez maior de indivíduos. É possível supor que esse convívio tenha dado origem ao aparecimento de conflitos, interpessoais e intergrupais, cada vez mais frequentes. Assim, o Homo sapiens, que já tinha se adestrado na matança de animais de grande porte, passou a assassinar, também, indivíduos de sua própria espécie, o que pode ter dado origem às guerras e aos genocídios.

 

 

INSTINTOS E COMPORTAMENTO XENOFÓBICO - 3ª PARTE
 

Em etologia e biologia, instinto designa um conjunto de predisposições inatas e hereditárias que propiciam e possibilitam a realização de atos (ou comportamentos) predeterminados, padronizados e estereotipados. Os comportamentos instintivos são desencadeados por estímulos chaves e, quando isso ocorre se desenvolvem de maneira automática e não são modificados por influências externas, como condições ambientais ou aprendizado (8,9,10).


Não existem meios de aferir se a conduta gregária de alguns seres vivos e, em particular, dos primatas antropoides, tenha sido herdada ou tenha decorrido de um aprendizado, no curso da evolução. A mesma dúvida aplica-se ao comportamento territorial, isto é, o comportamento hostil em relação aos invasores de seus territórios. Qualquer que seja a resposta, isto é, sejam comportamentos instintivos ou comportamentos aprendidos, eles existem também no Homo sapiens e podem ser observados em povos que estacionaram em etapas do paleolítico, mesolítico e do neolítico e que vivem em estágios de bandos e de tribos, até hoje. Trata-se dos bosquímanos (catadores e coletores), dos hotentotes (pastores) do sudoeste africano, dos maoris, da Nova Zelândia, dos aborígenes australianos e dos índios da Amazônia, Brasil (2,3,4). Essa característica de reserva e de hostilidade recebe o nome de xenofobia (grego xenos =estranho, estrangeiro; fobos =medo). Esse termo designa uma atitude de rejeição, aversão e medo de indivíduos estranhos e desconhecidos, com aparência e hábitos diferentes daqueles que são peculiares a um grupo particular. Aplica-se, de preferência, a estrangeiros que adentram ou invadem o território do grupo. A xenofobia é mais acentuada na espécie humana do que em outras espécies porque parte da aparência e dos comportamentos humanos são determinadas pelo ambiente e pela cultura. Essas diferenças culturais determinam o aparecimento de características externas que costumam ser muito marcantes e tornam mais fácil para os humanos, reconhecer os estrangeiros, membros de outros grupos, à primeira vista, por sua aparência e hábitos (11,12,13).


Existem autores que acreditam que esse comportamento de reserva, discriminação e rejeição foi determinado geneticamente. Existem outros estudiosos que acreditam que esse comportamento seja decorrente de aprendizado e do processo evolutivo da seleção das espécies. Entretanto, qualquer que seja a origem dessa característica, pode-se afirmar que o Homo sapiens é um ser de hábitos gregários e territoriais marcantes. Habitualmente, apresenta um comportamento relativamente amistoso em relação aos indivíduos do mesmo grupo (nós), mas é discriminador, estigmatizador, xenófobo e pouco receptivo em relação a indivíduos pertencentes a outros grupos (eles) (12,13,14).


Sabemos que o Homo sapiens viveu durante cerca de 3.000.000 anos, em bandos, tribos acéfalas e tribos centralizadas. Durante esse período é provável que tenha desenvolvido poderosas regras sociais, de cooperação, no relacionamento com os seus semelhantes que pertenciam ao mesmo bando ou tribo (nós). Essas regras não se aplicavam aos vizinhos, estrangeiros, ou desconhecidos (eles) pertencentes a outros bandos ou tribos. Os contatos com os indivíduos de tribos vizinhas eram circunscritos e marcados por hostilidade e agressividade nos mesmos moldes do comportamento gregário e territorial de primatas antropoides e outros mamíferos heterótrofos carnívoros e omnívoros oportunistas e predadores.


Os primatas antropoides, em geral, também discriminam seus vizinhos e competem com eles pelo controle de seus territórios. Entretanto, esses animais geralmente adotam, em suas disputas, formas de luta ritualizadas onde predominam, apenas, demonstrações de força, entre os oponentes. Esse tipo de luta geralmente termina com o afastamento ou a fuga do mais fraco. Nos hominídeos e, em particular, no Homo sapiens, as disputas por controle territorial adquiriram características de lutas mortais, com tentativas de matança coletiva e recíproca por parte dos oponentes. A transformação do Homo sapiens em agricultor sedentário e a urbanização, com a especialização das atividades humanas, conduziram à criação de uma casta de profissionais devidamente educados e treinados para a tarefa de perseguir e assassinar os pretensos e reais inimigos, invasores ou, meramente, invasores potenciais dos territórios pertencentes ao grupo. É bastante provável que essas matanças, motivadas por disputas territoriais, é que abriram o caminho para a adoção de hábitos de matanças coletivas (genocídios), de motivação religiosa, econômica, política e racial (1,2,10,12).

 


OS PRIMATAS ANTROPOIDES – 4ª PARTE


A ordem dos primatas é constituída por um grupo de mamíferos que compreende duas subordens: os prossímios e os antropoides. Os prossímios englobam os lêmures, os lorisidios e os társios. Os antropoides compreendem os platirrínios (macacos do novo mundo) e os catarrinos, que incluem os macacos do velho mundo e os hominoides. Os hominoides se caracterizam por possuírem um cérebro maior, visão binocular, ausência de cauda e capacidade de marcha bípede. Todos são territoriais e, com exceção do orangotango, todos são gregários (2,3,4) (tabela 1).


Os chimpanzés (Pan troglodytes) costumam viver em comunidades de até 150 indivíduos os quais, com alguma frequência, se dividem em grupos menores de até 25 indivíduos. Esses grupos são constituídos por alguns machos, com um macho dominante e muitas fêmeas com filhotes. Trata-se de grupos patrifocais, isto é, os machos são aparentados entre si. São animais territoriais e gregários, com organização hierárquica. São heterótrofos, predominantemente herbívoros e oportunistas. Os machos de um mesmo grupo são relativamente amistosos entre si, mas pouco receptivos em relação a machos de outros grupos. As relações amistosas, de machos do mesmo grupo, são rompidas quando existem disputas de poder pela liderança e pelo controle do harém e podem resultar em combates mortais (2,3,4).


Se um grupo de chimpanzés encontra outro grupo, na fronteira de seu território, a interação é sempre hostil. Quando os bandos estão em equilíbrio de forças, disputam a fronteira em um arremedo de batalha barulhenta. Os dois lados dão gritos curtos e repetidos ou emitem sons graves, sacodem galhos, atiram objetos e arremetem uns contra os outros por algum tempo, até que um lado, geralmente o menos numeroso, bate em retirada. Entretanto, quando acontecem confrontos individuais, pela disputa de liderança, a exibição de força pode ocorrer num crescendo até culminar em um combate real, com ferimentos graves em ambos contendores e morte frequente de um deles.


Se um grupo encontra um macho solitário e isolado de seu grupo, costuma persegui-lo com selvageria assassina: dois atacantes imobilizam a vítima e os demais o espancam, arrancam-lhe os dedos e a genitália a mordidas, dilaceram-lhe a carne, torcem seus membros ou lhe arrancam a traqueia e bebem seu sangue. Os chimpanzés de determinada comunidade podem atacar todos os machos de uma comunidade vizinha e os trucidar um por um. Muitos ataques não são desencadeados por encontros fortuitos. Resultam de patrulhamentos de fronteira durante os quais um grupo de machos faz buscas sorrateiras e transforma em alvo todo macho solitário que localiza. Quando um grupo de chimpanzés encontra uma fêmea solitária, os machos tentam acasalar com ela. Se ela carrega um filhote, eles a atacam e depois matam e comem a cria. As relações entre as fêmeas do mesmo bando costumam ser amistosas e cooperantes, sendo frequente uma fêmea cuidar dos filhotes de outra. Entretanto, em uma disputa entre fêmeas rivais, pode ocorrer que uma fêmea mais forte mate a cria de uma fêmea mais fraca, ajudada por um macho ou outra fêmea. Os chimpanzés partilham com os humanos 99,40% dos genes (2,3,4).


Os gorilas (Gorilla gorilla) vivem em bandos compostos de vários machos, com um macho líder e muitas fêmeas com filhotes. Trata-se de animais territoriais, gregários e com organização hierárquica bem estruturada. São heterótrofos herbívoros e oportunistas. Os machos lutam entre si pela liderança do harém e o ganhador costuma matar seu oponente e os seus filhotes. Partilham com os humanos cerca de 97,70% dos genes (2,3,4).


Os orangotangos (Pongo pygmaeus) divergiram dos grandes primatas há cerca de 20 milhões de anos. As fêmeas vivem em pequenos grupos, com seus filhotes, que permanecem com elas durante os primeiros anos de vida. Os machos são solitários e territoriais: emitem gritos estrondosos para afastar outros machos de seu território. Os seus territórios se superpõem aos territórios de várias fêmeas. São predominantemente heterótrofos, herbívoros oportunistas. O acasalamento ocorre uma vez por ano, sendo realizado de maneira frontal, como nos humanos. Partilham com o Homo sapiens cerca de 96,40% dos genes (2,3,4).


Os macacos do velho mundo (catharrini), como o babuíno (Papio papio) vivem em grandes bandos, de até 150 indivíduos, comandados por vários machos dominantes. Esses machos dominantes têm a prioridade na distribuição de alimentos mas não disputam o direito de acasalamento com as fêmeas. São gregários e territoriais, predominantemente herbívoros oportunistas (2,3,4).


Os macacos do novo mundo (platirrinos), como os bugios (Simia belzebul), tem hábitos gregários e territoriais, são arborícolas, herbívoros e oportunistas. Vivem em pequenos grupos, de cerca de 10 indivíduos, com um macho dominante. O gibão (Hylobates bar) é um arborícola, territorial e monógamo que vive em pequenos grupos familiares de até 10 indivíduos (2,3,4).


O Homo sapiens: acredita-se que o Homo habilis tenha surgido na África, aproximadamente, há 1.800.000 anos. O Homo erectus teria surgido na África há 1.000.000 anos e migrou para fora da África há 300.000 anos. O Homo sapiens surgiu na África há 400.000 anos e chegou ao Oriente Médio há cerca de 100.000 anos.O Homo neardenthalensis surgiu na África há cerca de 100.000 anos e migrou para a Europa há 70.000 anos. O homem de cro-magnon surgiu na Europa há cerca de 90.000 anos.


Nesse longo período que compreende o período Paleolítico Inferior (1.800.000 a 125.000), Médio (125.000 a 40.000 anos), o Paleolítico Superior (40.000 a 10.000 anos), o Neolítico (10.000 a 4.400 anos) e a Idade dos Metais (4.400 a 3.000 anos), os seres englobados no gênero “Homo” passaram pelas fases de Catador e Coletor Nômade (4.000.000 a 500.000 anos), depois Caçador Nômade de pequenos animais (4.000.000 a 50.000 anos), mais tarde Caçador Nômade de grandes animais (50.000 – 15.000) anos, em seguida Domesticador / Pastor Nômade de ovelhas e cabras (15.000 a 8.500 anos), depois Domesticador e Confinador Sedentário (8.500 a 6.000) e, finalmente, Agricultor, Artesão e Soldado (6.000 anos em diante) (5,6,7,11) (tabela 3).


Quando estudamos povos primitivos, ainda existentes em algumas regiões, inferimos que na fase de Catador e Coletor, o Homo sapiens vivia em “bandos” de 10 a 20 indivíduos que ocupavam territórios com cerca de 20 quilômetros quadrados, de onde extraíam seus alimentos: frutos, raízes, tubérculos, ovos de pássaros e pequenos animais. Quando os alimentos escasseavam, o “bando” se deslocava para uma nova área onde houvesse fartura de alimentos que eram consumidos a medida que eram obtidos, já que não havia o hábito e condições para acumular e transportar reservas alimentares. Como a população mundial era pequena acredita-se que os contatos de indivíduos pertencentes a “bandos” vizinhos eram raros. Cada membro de um grupo passava grande parte de sua vida em uma área circunscrita a cerca de 20 quilômetros, em torno do local de seu nascimento. Provavelmente, a ideia de tolerar estranhos em seu território era tão impensável quanto à ideia de que um forasteiro se atrevesse a aparecer em um território pertencente a um “bando” vizinho. Cada “bando” constituía uma unidade política que vivia, provavelmente, em estado permanente de competição territorial com os “bandos” vizinhos. Essa situação ainda pode ser observada em povos muito primitivos como os pigmeus africanos, os catadores e coletores (boximanes), os caçadores (hotentotes) do continente africano e os aborígenes australianos (1,2,3,4).


O estágio posterior ao “bando” denomina-se de “tribo” que pode ser constituída por até centenas de pessoas e, habitualmente, é menos migratória que o “bando”. Trata-se de aglomerados que recebiam, inicialmente, o nome de “tribos acéfalas” e, mais tarde, tribos centralizadas. A situação tribal teve início no Crescente Fértil há cerca de 15.000 anos. As “tribos centralizadas” eram constituídas de algumas centenas de indivíduos e as pessoas que as compunham já não eram parentes consanguíneos, nem se conheciam pelo nome. Seus participantes tiveram que aprender, pela primeira vez, a conviver com desconhecidos. Os relacionamentos entre as tribos vizinhas continuavam caracterizados por hostilidade xenófoba (xeno =estranho; fobia =medo), relaxada, intermitentemente, para permitir a troca (escambo) de produtos e, mais tarde, pelo comércio. Um bom exemplo seriam os habitantes de algumas áreas da América do Sul, como algumas tribos da Amazônia, na época da “descoberta” e no início da colonização (6,7,8).


A fixação das tribos em locais adequados para a obtenção de alimentos, para a criação de animais domesticados e para o plantio de grãos e adoção da agricultura deu origem a construção de casas e a formação de aldeias. O Homo sapiens deixou de ser o catador/coletor, caçador nômade e tornou-se confinador/agricultor sedentário. As aldeias passaram a contar com muitas centenas de indivíduos e, mais tarde, passaram a denominar-se de cidades, com muitos milhares de indivíduos. Esses agrupamentos humanos eram sustentados por uma infraestrutura agropecuária, constituída por agricultores que plantavam grãos e criavam animais domesticados para abastecer os habitantes das cidades, constituídos por artesãos, comerciantes, burocratas, soldados, sacerdotes e governantes. Essa diversificação de funções deu margem a uma especialização crescente que persiste até hoje nos aglomerados urbanos. A união de aldeias e cidades originou estados e, mais tarde, reinos e impérios (6,7,8).


Assim, temos a figura do Homo sapiens como participante de uma espécie com fortes características de gregarismo e de territorialidade (herdadas ou adquiridas) que determinaram o seu comportamento social. Ao mesmo tempo que ocorria o desenvolvimento de atitudes de reserva e de rejeição hostil em relação a participantes de outros grupos houve o desenvolvimento de atitudes cooperantes entre os membros do mesmo grupo. Paralelamente a essas características, é provável que o Homo sapiens tenha aprimorado e refinado o seu comportamento violento e agressivo, quando era um predador de animais de grande porte (como a rena, o urso e o rinoceronte lanudo, a camurça e o veado vermelho), no período de 110.000 anos a 15.000 anos.

 

 

GUERRAS, GENOCÍDIOS, ASSASSINATOS E BULLYING - 5ª PARTE
 

Supõe-se que o Australopithecus africanus e o robustus assim como o Homo habilis e o Homo erectus eram catadores e coletores no período compreendido entre 4.000.000 de anos até 500.000 anos. O Homo erectus, o Homo neardenthalensis e o Homo sapiens, passaram a ser caçadores nômades de pequenos animais a partir de 500.000 anos e, mais tarde, passaram a caçar animais de maior porte, a partir de 50.000 anos, quando começaram a fabricar lanças e arcos e flechas e facas. Nesse longo período os humanos viviam em bandos e tribos acéfalas. A possibilidade da existência de confrontos entre bandos e tribos, no período pré-histórico, é tema de discussões especulativas entre antropólogos e historiadores. A partir do ano 12.000 aC apareceram as primeiras pinturas rupestres indicativas de confrontos e lutas entre humanos, com o emprego de lanças, arcos e flechas. No Egito, ao longo do rio Nilo, próximo à fronteira com o Sudão, foi encontrado um cemitério, datado de 7.000 aC, com um grande número de corpos, com setas incrustadas em seus esqueletos, o que indica que possam ter sido mortos em uma batalha.


Entretanto, quando estudamos fragmentos da história da Antiguidade (±3000 a 700 aC) e o Mundo Clássico (700 aC a 600 dC) percebemos que esse curto período, de cerca de 2.400 anos, caracteriza-se pelo nascimento e desaparecimento de muitas nações devido à guerras entre as mesmas. Entendemos por “guerra” uma atividade grupal, organizada, com a meta de ocupação de territórios, de pilhagem de bens e da escravização dos derrotados. Assim, os sumérios, de origem semita, e que se instalaram na Mesopotâmia em torno de 3250 aC foram destruídos pelos amoritas e pelos elemitas, originários da Pérsia, por volta de 2330 aC. Esses amoritas e elemitas, que fundaram o Império Babilônico em 2000 aC, foram destruídos pelos persas, com Ciro, o Grande (559 a 539 aC) e pelos macedônios, com Alexandre Magno (356 a 323 aC). Os assírios (2000 a 512 aC) tiveram fim quando foram invadidos pelos medos e pelos babilônios. Os fenícios (2600 aC a 64 dC) grandes navegadores, comerciantes e inventores do alfabeto em 1800 aC, tiveram suas cidades conquistadas e transformadas em províncias pelos romanos em 64 aC. O Reino de Israel (1800 aC a 73 dC) foi destruído pela primeira vez, em 587 aC pelos babilônios, acarretando a Primeira Diáspora e, uma segunda vez, pelos romanos, em 73 dC, quando ocorreu a Segunda Diáspora. Conflitos mais recentes englobam a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) a qual teve início com uma disputa local entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia. Envolveu cerca de 21 países e causou a morte de 8.000.000 de soldados e 6.500.000 civis. Á Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) foi um conflito decorrente do choque de interesses entre as nações europeias, após o fim da 1ª Guerra Mundial, e das pretensões da Alemanha para ampliar o seu poder na Europa. Estima-se que acarretou a morte de 50.000.000 pessoas. Em termos de genocídio houve o extermínio, por parte dos nazistas, de cerca de 6.000.000 de judeus e de 4.000.000 de ciganos, eslavos, homossexuais e de portadores de deficiências.


Um outro fenômeno indicador de agressividade e do comportamento violento do Homo sapiens é o genocídio. Entendemos, por genocídio, o assassinato deliberado de grandes grupos de pessoas, motivado por preconceitos étnicos, raciais, religiosos e políticos. O autor Jared Diamond, registra em seu livro “O terceiro chimpanzé” (2) a existência de cerca de onze grandes genocídios no período de 1492 a 1900; cerca de nove genocídios no período de 1900 a 1950; dezessete genocídios no período de 1950 a 1990. A guiza de ilustração, mencionamos apenas os mais importantes:


a)    Colonização da América Central e do Sul, acarretou a matança de cerca de 3.000.000 índios, pelos colonizadores espanhois, no período de 1498 a 1824.
b)    Colonização portuguesa, no Brasil, acarretou a morte de cerca de 2.000.000 índios no período de 1530 a 1800.
c)    Colonização da América do Norte foi responsável pelo assassinato de cerca de 3.000.000 índios americanos, pelos colonizadores europeus, no período de 1620 a 1890.
d)    Matança de cerca de 10.000 índios araucanos, pelos argentinos em 1870.
e)    Matança de cerca de 1.000.000 de armênios, pelos turcos, em 1915.
f)    Matança de oponentes políticos, na Rússia, pelo governo comunista. Morreram cerca de 10.000.000 cidadãos russos no período de 1929 – 1939.
g)    Matança de cerca de 1.000.000 de cambojanos, em Camboja, pelo Khmer Vermelho, no período de 1975 a 1979.


Assassinatos


O Brasil registra altos índices de criminalidade. De acordo com dados do Ministério da Justiça, em 2008, foram registradas 50.113 mortes decorrentes dos crimes de homicídio doloso (com intenção de matar), de roubo seguido de morte e de lesões seguidas de morte (latrocínio). Isso representa 137 vítimas diárias. Na década de 1998 a 2008, morreram, exatamente, 521.822 mil pessoas vítimas de homicídio, número que excede, largamente, o número de mortes da maioria dos conflitos armados registrados no mundo, nesse período.
Um outro testemunho da agressividade e da tendência à estigmatização humana é o fenômeno do “Bullying”, cada vez mais frequente entre os jovens escolares e que é a forma de violência que mais cresce no mundo.


Bullying
 

O “Bullying” costuma ser definido como a consumação de atos de violência psicológica ou física, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (Bully=valentão, tirano), ou por um grupo de indivíduos, executados dentro de uma relação desigual de poder, e que podem causar angústia e sofrimento às vítimas. Esse comportamento pode ocorrer na escola, no trabalho, nos esportes (torcidas organizadas), nas relações sociais entre vizinhos e em uma multiplicidade de outras situações. Termos sinônimos são assédio, intimidação, acossamento e tirania. O assédio ou “bullying” escolar costuma ser dividido em duas categorias. O assédio escolar direto, mais frequente no sexo masculino. O assédio escolar indireto, mais frequente no sexo feminino e que leva a exclusão social das vítimas. Uma pesquisa do IBGE realizada em 2009 revelou que quase um terço (30,8%) dos estudantes brasileiros informa já ter sofrido bullying, sendo maioria das vítimas do sexo masculino. A maior proporção de ocorrências foi registrada em escolas privadas (35,9%), ao passo que nas públicas os casos atingiram 29,5% dos estudantes. Outra pesquisa, de 2009, também realizada pelo IBGE apontou as cidades de Brasília e Belo Horizonte, como as capitais brasileiras com maiores índices de assédio escolar, com 35,6% e 35,3%, respectivamente, de alunos que sofreram desse tipo de violência nos últimos 30 dias. Uma pesquisa realizada em 2010, com 5.168 alunos de 25 escolas públicas e particulares do Brasil, revelou que as humilhações típicas do bullying são mais comuns em alunos da 5ª e 6ª séries.


Esses exemplos comprovam o alto grau de violência e agressividade do Homo sapiens, assim como a sua capacidade de perseguir e de assassinar indivíduos de sua própria espécie, por motivos reais ou imaginários.

 

 

ESTIGMATIZAÇÕES E PRECONCEITOS - 6ª PARTE

 

Os estrangeiros


Estigma pode ser entendido como uma marca infamante e vergonhosa imposta, geralmente, por um grupo majoritário de pessoas a um indivíduo ou a um grupo minoritário.


A palavra estigma tem origem grega e significa marcar, ferrar, selar. Os gregos marcavam o corpo de pessoas quando buscavam evidenciar alguma coisa extraordinária ou má sobre seu estatus moral e assim possibilitavam que elas fossem facilmente identificadas e evitadas.


O estigma está, frequentemente, relacionado a informações insuficientes ou inadequadas (estereótipos), por parte dos estigmatizadores, que podem levar a preconceitos (pressupostos negativos ou positivos), à discriminação (comportamentos de rejeição e à segregação da pessoa estigmatizada). Os dois principais componentes da estigmatização são: o “preconceito” e a “discriminação”.


Estigma público ou estigma populacional indica o preconceito ou a discriminação, criado por grupos majoritários da população, em relação a um grupo minoritário, portador de algumas características específicas, que o diferenciam da população em geral ou do grupo estigmatizador.


Discriminação pode ser entendida como a atitude de distinguir, diferenciar, rejeitar e segregar os indivíduos portadores de estigmas de qualquer natureza.


Estereótipos consistem na maneira como a comunidade constrói e categoriza informações objetivas ou fantasiosas acerca de comportamentos de indivíduos ou grupos. “Estereótipos negativos” podem indicar características e hábitos dos indivíduos estigmatizados e discriminados, e referir-se à cor, credo e hábitos ou costumes considerados inusitados. Exemplos de estereótipos negativos: todo argentino é arrogante; todo esquizofrênico é preguiçoso; todo alcoólatra é mentiroso.


Genocídio: matança deliberada de um grande número de pessoas pertencentes a uma raça ou tribo realizada por um grupo dominante. Constitui, atualmente, crime contra a humanidade.


Na Idade Média Europeia (600 dC a 1450 dC) o excluído, por excelência, era o estrangeiro. A sociedade, primitiva e fechada, rejeitava todo o intruso que não fazia parte da comunidade local. Ele era considerado um estranho, um desconhecido e, eventualmente, portador de doenças e de crenças que poderiam gerar inquietações. Não era um fiel, um súdito que jurou obediência ao senhor feudal ou ao bispo local. Por isso era recebido com desconfiança e era discriminado e estigmatizado. Vamos lembrar que, o continente europeu sofreu, durante um longo período, a invasão de povos chamados bárbaros (grego: barbaroy =selvagem, rude, inculto). Foram migrações e invasões dos celtas em 450 aC, godos em 376 dC, ostrogodos em 350 dC, vikings em 376 dC, visigodos em 412 dC, vândalos em 442 dC, lombardos em 568 dC e muitos outros, que migravam e tentavam escravizar e exterminar os povos que habitavam os territórios conquistados. Acredita-se que essas invasões e migrações possam ter contribuído para intensificar o preconceito em relação ao estrangeiro em geral e, em particular, em relação a acertos estrangeiros como os judeus, os árabes e os ciganos (7,8,9,10).

Os Judeus


Ao longo da história muitos governos, de muitos países, oprimiram as populações judaicas e tentaram eliminar o povo judeu. Em 587 aC, o rei da Babilônia, Nabucodonosor (604 – 562 aC), saqueou Jerusalém, capital do reino de Judá. Milhares de judeus foram deportados para a Babilônia e muitos dispersaram-se por outras regiões. Foi a Primeira Diáspora Judaica e o episódio é chamado de Cativeiro da Babilônia. A partir do ano 63 aC, os judeus foram governados pelos romanos. No ano de 73 dC acaba o reino de Israel, com a derrota dos zelotas, pelos romanos, na fortaleza de Massada. A derrota foi seguida pela Segunda Diáspora com a dispersão dos judeus para diversos países do Oriente Próximo, da Ásia Menor e do sul da Europa, onde passaram a viver em guetos com o intuito de preservar sua religião e seus hábitos culturais. Durante a Idade Média, pode-se mencionar a Primeira Cruzada, em 1098, que resultou em um grande massacre de judeus e de mulçumanos em Jerusalém e a Inquisição Espanhola, em 1478. Na Idade Moderna, a Inquisição Portuguesa, iniciada em 1536, com as perseguições e “autos de fé” contra os “cristãos novos” (judeus convertidos) e os “marranos” (filhos de judeus convertidos); os “pogroms”, apoiados por tzares russos e os massacres de judeus por cossacos, na Ucrânia, em 1648. Essas perseguições culminaram na chamada “Solução Final” que levou ao Holocausto e ao genocídio de aproximadamente 6 milhões de judeus, pelos  nazistas, no período de 1941 a 1945 (9,10,11,12).


A sociedade medieval manteve relacionamento dúbio com os judeus, entrecortado por perseguições e massacres. Esses judeus eram remanescentes da Primeira Diáspora (587 aC) e da Segunda Diáspora (73 dC) que tinham se radicado em diversos países da Europa após a destruição do Reino de Israel pelo babilônios e da transformação do país em província romana. Certos príncipes, abades e papas protegiam os judeus. O judeu  banqueiro, insubstituível emprestador de dinheiro, era odiado mas necessário e útil. Entretanto, a partir do século XI, o antijudaismo cresceu e, com as Cruzadas (1098 - 1270), transformou-se em antissemitismo. Os judeus passaram a ser discriminados, rejeitados, estigmatizados e, frequentemente, obrigados a abjurar as suas crenças e adotar o cristianismo, sob pena de morte. O Concílio de Latrão (1123 - 1215) decretou que os judeus deviam pagar dízimo ao clero e usar uma roupa vermelha ou amarela que os distinguisse. Em 1492, os judeus foram expulsos da Espanha e em 1497, de Portugal. Em 1543, Martim Lutero escreveu um panfleto intitulado “Sobre os judeus e suas mentiras”. Nesse panfleto afirma “que as sinagogas deviam ser incendiadas, os livros de oração judaica destruídos, os rabinos deveriam ser proibidos de pregar e de ensinar. As casas dos judeus deveriam ser derrubadas e os vermes venenosos expulsos para sempre”. Essa estigmatização teve um recrudescimento na Idade Contemporânea ou Era Moderna, por ocasião da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando cerca de 6 milhões de judeus foram trucidados pelos nazistas em perseguições que culminaram em um genocídio chamado de Holocausto (9,10,11,12).

Ciganos


Trata-se de conjunto de populações nômades, provavelmente, originário da Índia e que emigrou para Europa Central, de onde se disseminou para o resto do mundo. Constituem minorias étnicas em muitos países do mundo e recebem o nome de “Rom” na Europa Centro-Oriental; o nome de “Sinti”, na Alemanha; o nome de “Manoush”, na Itália e na França. Além de migrações voluntárias, esses povos foram submetidos a deportações por governos de muitos países. Durante as perseguições de judeus e mulçumanos, no século XV, na Alemanha e nos Países Baixos, ocorreu uma caça aos ciganos, que eram considerados vagabundos e delinquentes. Foram exterminados por caçadores profissionais pagos por cabeça de cigano morto. O mesmo ocorreu na Península Ibérica, no período de 1555 a 1780. No período de 1485 a 1603, durante o reinado da Dinastia Tudor, na Inglaterra, a simples comprovação de ascendência cigana era motivo para condenação à morte. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) foram exterminados cerca de 400.000 ciganos, pelos nazistas. Em 2010, o presidente Nicolas Sarkozy, promoveu a deportação de toda a comunidade cigana francesa, para a Romênia e a Bulgária. Consta que existem, atualmente, cerca de 8 milhões de ciganos na Europa e um milhão nos Estados Unidos da América e cerca de milhão no Brasil (9,10,11,12).

Herejes


Chama-se “hereje” aquele indivíduo que escolhe ou nega os dogmas estabelecidos por um sistema religioso. Durante a Idade Média, a discriminação dos hereges tomou impulso com a implantação da Inquisição Romana, em 1179. Os hereges foram perseguidos e excluídos de muitas comunidades europeias no decorrer dos séculos XII e XIII, sob o impulso da Igreja. A heresia passou a ser definida como um crime de lesa majestade, como um atentado ao bem público e a boa ordem da sociedade cristã. Os heréticos passaram a ser discriminados e, frequentemente, condenados à fogueira. A Inquisição Espanhola celebrou cerca de 45.000 processos contra os herejes, entre 1540 e 1700. Durante a Inquisição Portuguesa (1540 - 1794) foram queimadas 1.175 pessoas. Em 1572 ocorreu o Massacre de São Bartolomeu, quando centenas de protestantes (calvinistas=huguenotes) e portanto herejes, foram mortos por católicos, em Paris, em consequência de guerras religiosas iniciadas em 1562 (11,12,13).

Doenças


A atitude de aversão e de estigmatização de portadores de algumas doenças, por parte das comunidades humanas, tem origens muito antigas: durante o século V aC, os recém nascidos em Esparta (Grécia) eram examinados por um conselho de anciãos, que condenava ao extermínio todos aqueles que não fossem suficientemente robustos e aptos para a vida militar. Eram lançados do alto do abismo do monte Taigeto. Platão (428 – 348 aC), em Atenas, dizia ser necessária a eliminação dos débeis e dos deficientes. Aristóteles (384 – 322 aC) defendia a promulgação de uma lei que proibia a criação de crianças aleijadas. As “Leis das Doze Tábuas” (450 aC), origem do direito romano, rezava que “é permitido ao pai matar o filho que nascer disforme”. Séneca (4 aC – 65 dC), advogado e filósofo do Império Romano, afirmava que “as crianças que nasciam defeituosas deviam ser afogadas”. Na Índia, os doentes incuráveis eram jogados no rio Ganges, após terem as narinas e a boca obstruídas com barro. Entre os esquimós (inuits), os velhos inválidos eram deixados fora da habitação, para congelarem e serem devorados por ursos (9,10,11,14,15).


No período medieval, os doentes, os aleijados e os estropiados também eram encarados com preconceito e, frequentemente, estigmatizados e excluídos. Na época, as doenças e as deficiências físicas eram consideradas como sinais externos de pecado. Os que sofressem desses males eram malditos para Deus e, consequentemente, deveriam ser malditos pelos homens. As referências mais antigas e mais dramáticas referentes à estigmatização de doenças ocorreram na Bíblia, cuja autoria é atribuída à Moises, o qual viveu no século XIII aC e que conduziu a migração (Êxodo) do povo judeu, do Egito para a Palestina. A versão grega da bíblia hebraica foi realizada em Alexandria, entre o terceiro e o primeiro século antes de Cristo. Recebe o nome de “septuaginta” devido ao fato de ter sido realizada por setenta sábios .

 

Lepra


No Antigo Testamento, os termos “lepra” e “leproso” aparecem nada menos do que 54 vezes, sobretudo no Levítico. Quando, em Alexandria, a Bíblia foi vertida do hebraico para o grego, a palavra “tzaraat”, um termo grego que significa “escamoso, portador de escamas” foi empregada para indicar essa doença, (12,15).


Entre os hebreus, o diagnóstico da lepra não estava a cargo dos médicos e sim dos sacerdotes. Ela era considerada evidência de pecado, que se traduzia tanto na corrupção da carne como na do espírito e era vista como expressão de um castigo divino. Segundo o texto bíblico, quando o rei Uziah quis queimar incenso no templo, uma cerimônia que era reservada, exclusivamente, para os sacerdotes, Deus o puniu com a doença. Mesmo sendo rei, foi obrigado a morar em uma casa isolada e, ao morrer, não foi enterrado no cemitério dos soberanos (9,10).


Durante a Idade Média (600 dC a 1450 dC) a Igreja Católica foi mais longe: alguns concílios restringiram severamente o contato de leprosos com pessoas sadias. O modelo de diagnóstico era semelhante ao do Levítico, mas estava a cargo de uma comissão, composta por um bispo, vários clérigos e de um leproso, considerado “especialista” na matéria. Feito esse diagnóstico, passava-se ao processo de exclusão social, que se acompanhava de um ritual impressionante: O leproso era vestido com uma mortalha, rezava-se uma missa fúnebre, de corpo presente e, acompanhado de padres e de familiares, ele era conduzido ao leprosário ou ao lugar onde ia habitar, fora dos limites da comunidade. As instruções para os leprosos eram minuciosas. Não podiam entrar em igrejas e hospedarias. Não podiam tocar objetos de uso comum, como corrimões de escada, sem luvas. Tinham de usar uma vestimenta especial, e carregar matracas ou sinetas que anunciassem sua presença. Poderiam pedir esmolas, a serem colocadas num saco amarrado na extremidade de uma longa vara. O leproso era considerado portador de um apetite sexual muito desenvolvido, o que aumentaria o risco de transmissão da doença – portanto, não podia deitar com qualquer mulher que não fosse sua esposa. Disposições posteriores de caráter civil e emitidas pelas coroas, proibiram os leprosos de casar (9,10,11,13).

Sífilis


A sífilis foi uma doença com características epidêmicas que surgiu na Europa, no século XV. Passou a ser conhecida como Doença Napolitana devido a suspeita de que os mercenários de Carlos VIII, da França, teriam trazido a mesma quando invadiram Nápoles e a disseminaram, na volta por toda a Europa. Passou a ser conhecida como Morbus Galicus, doença francesa, após Girolamo Fracastoro ter publicado seu poema, em 1530. Era vista como doença infamante e costumava ser chamada, em vários países, pelo nome do país vizinho mais odiado. Com frequência era confundida com lepra. Na Escócia, onde foi constatado o seu contágio sexual, as prostitutas foram ameaçadas de serem marcadas com ferro em brasa caso não abandonassem a profissão. Na Alemanha, foram proibidos os então populares banhos públicos. Em muitos países do norte da Europa, os sifilíticos vagavam pelas estradas, impedidos de entrar nas cidades. Somente a partir do século XVII, a sífilis diminuiu sua virulência e, a partir do século XX passou a ser curada (10,11,12,13).

Doenças mentais


Na Idade Média (600 – 1450 dC) havia a crença de que os doentes mentais e os deficientes eram possuídos por demônios e que deveriam ser castigados através de espancamentos, privação de alimentos e aprisionamento. Na Idade Moderna (século XVII) havia asilos destinados para os socialmente excluídos como os inválidos, os portadores de doenças venéreas, os doentes mentais e mendigos e libertinos. Ainda na Idade Moderna (século XVIII) surgiram os manicômios, que substituíram os asilos para a segregação de doentes mentais e foram introduzidas as primeiras medidas ditas terapêuticas sob a forma de duchas, máquinas giratórias e sangrias. No século XX foram introduzidos os tratamentos biológicos como insulinoterapia, eletrochoque, lobotomia e, mais tarde, os psicofármacos mas a exclusão social e a estigmatização da doença mental persiste, o que contribui para os baixos índices de busca por tratamentos adequados ( 10,11,12,13).


No plano da estigmatização de doenças mentais, estudos realizados a partir do século XX, demonstram que a comunidade em geral apresenta grande desconhecimento sobre essas doenças e uma reação negativa diante dos doentes mentais, considerando-os “perigosos, violentos, imprevisíveis e preguiçosos”. Essa percepção costuma provocar sentimentos de medo, desconfiança e aversão pelos portadores de doenças mentais. O processo de desospitalização dos doentes mentais, fechando hospitais psiquiátricos e abrindo serviços comunitários e residências terapêuticas, têm contribuído para o crescimento do estigma, na medida em que a população fica mais exposta a contatos com doentes mentais, sem o necessário incremento de informações sobre a sua real situação e características. A ideia de que os doentes mentais são violentos é, frequentemente, difundida pela mídia e não encontra respaldo na realidade na medida em que, na maioria das vezes, os portadores de doença mental são mais vítimas de violência do que perpetradores desta (18,19,20).   

 
Assim, o estigma relacionado às doenças mentais, associa-se a  uma visão de comportamento imprevisível e violento que contribui para a exclusão social dos portadores e os coloca em posição de desvantagem quando buscam emprego, estudo, moradia, direitos previdenciários e até acesso a tratamento. Usualmente, o estigma e a discriminação em relação as pessoas com  doenças mentais se estendem a família, amigos e mesmo a profissionais e serviços de saúde mental. Observa-se uma discriminação orçamentária da saúde mental nas políticas de saúde pública. Nesses orçamentos os portadores de AIDS e de doenças cardíacas e respiratórias são mais beneficiados que os portadores de distúrbios psiquiátricos (19,20,21).

 

 

PROVÁVEIS ORIGENS DA XENOFOBIA E DA ESTIGMATIZAÇÃO - 7ª PARTE

 

Os homens competem entre si, pela posse de territórios como ocorre com um grande número de espécies animais. Como sucede entre grupos vizinhos de chimpanzés e de alcateias de lobos, as relações entre bandos e tribos humanas vizinhas também foram marcadas por hostilidade xenófoba e por disputas territoriais. Entre as transformações sociais e culturais que ocorreram junto com a domesticação e o confinamento de animais comestíveis e junto com a adoção da agricultura, pode se destacar a adoção do hábito de acumular reservas alimentares. Mais tarde, com o surgimento de aldeias e cidades, criou-se o hábito de colecionar e acumular riquezas. Essas características podem ter dado origem ao nascimento de saques, por parte de povos nômades, que ainda não tinham chegado a fase de agricultores sedentários e almejavam apossar-se das reservas alimentares e das riquezas dos habitantes das aldeias e das cidades. Uma comprovação desse hábito, de saquear, são as cidades muradas da Antiguidade: Damasco, capital da Síria, e Jericó, no vale do Jordão, fundadas há cerca de 10.000 anos; Çatalhouyuk, Turquia, fundada há 6.700 anos; Jerusalém, Israel, fundada há 5.000 anos; Uruk, Assíria, fundada há 4.000 anos. Testemunhos mais recentes do hábito de saquear são as cidades muradas e os castelos da Idade Média (8,9,10,11).

 

Diante desses saques e invasões é compreensível que houvesse a exacerbação dos sentimentos xenófobos primitivos e do nascimento de preconceitos em relação aos assaltantes e invasores estrangeiros, com a consequente estigmatização. Como falou o bosquímano de uma aldeia africana: “esses forasteiros caçam os animais de nossos territórios, colhem os frutos de nossas plantações, assediam as nossas mulheres, roubam as nossas riquezas e fazem o reconhecimento do terreno para preparar futuras invasões” (1,2,3).


Com o desenvolvimento da pecuária e da agricultura e com o armazenamento dos excedentes alimentares, o pequeno grupo nômade, chamado bando, e que contava com 10 a 20 indivíduos, cresceu para o que passou a chamar-se de tribo acéfala, que poderia agrupar até algumas centenas de indivíduos, mais tarde, tribos centralizadas, que passaram a viver em aldeias e cidades. Esses agrupamentos já contavam com participantes com alguma especialização nas suas atividades: agricultores que plantavam, pastores que cuidavam dos rebanhos de animais domesticados e confinados, artesãos que fabricavam instrumentos e uma classe de líderes que deu origem a uma aristocracia de poder. Paralelamente, surgiram os sacerdotes e os burocratas, encarregados de fazer cumprir as determinações dos líderes e de administrar os assuntos públicos e os comerciantes, que realizavam a troca (escambo) dos gêneros produzidos. Esses burocratas, assim como os comerciantes, tinham necessidade de registrar os resultados de suas atividades, o que deu origem a  matemática e a escrita. Os excedentes de grãos exigiam recipientes onde eles pudessem ser guardados, o que deu origem a cerâmica e aos fornos, onde essa cerâmica podia ser cozida. Por sua vez, esses fornos passaram a ser usados, mais tarde, para a fusão de metais como o cobre, bronze e, mais tarde, o ferro, quando foi inventado o fole, que permitiu a obtenção de temperaturas mais altas. A cerâmica já tinha propiciado a invenção da roda de oleiro, para a modelagem do barro. Essa roda maciça, de oleiro, com rotação horizontal, quando verticalizada e colocada em conexão com um eixo e uma plataforma, passou a permitir o transporte de gêneros e, mais tarde, com a roda com aros, o transporte de pessoas em veículos mais leves e de deslocamento rápido, próprios para a caça e para a guerra (1,2,3,4,9,10,14).


A fixação das tribos em locais adequados, próprios para a criação de animais domesticados e para a obtenção de alimentos para esses animais, deu origem a aldeias com algumas centenas de habitantes. Esses agrupamentos humanos passaram, mais tarde, a contar com alguns milhares de indivíduos e passaram a denominar-se cidades, com muros para a defesa de suas riquezas e de seus moradores. Assim, o conceito de cidade passou a ser o de um agrupamento humano, constituído por artesãos capazes de fabricar objetos e instrumentos, comerciantes que praticavam o escambo e, mais tarde, a compra e venda desses produtos e burocratas que registravam e fiscalizavam o cumprimento das determinações dos líderes e dos sacerdotes. Esse agrupamento humano era sustentado por uma infraestrutura agropecuária, constituída por agricultores que plantavam em volta da cidade e criavam animais para abastecer os moradores com alimentos e roupas. Ao mesmo tempo, as cidades muradas serviam de refúgio para os agricultores e pastores, quando havia ataques de salteadores e invasores. O nascimento de uma classe de características muito peculiares, os soldados, teve início com a finalidade de defender a reserva de alimentos e dos bens em geral. Mais tarde, essa classe assumiu outras funções menos nobres, como a de atacar, invadir, trucidar e escravizar outros grupos humanos (7,8,9,11,12).


Os assírios (2000 – 612 aC) formaram o primeiro exército organizado. Possuíam armas de ferro, com infantaria, cavalaria e carros de combate puxados por cavalos. O controle das áreas conquistadas era mantido por tropas que utilizavam, como meios de dominação, a escravização e a deportação dos vencidos. Atos de selvageria eram empregados por esse exército, para serem divulgados, no sentido de propiciar que os inimigos se entregassem sem luta. Para evitar movimentos rebeldes, nas terras conquistadas, os povos vencidos eram capturados, removidos de suas terras e deportados para outras regiões, como ocorreu quando os babilônios invadiram Israel, em 587 aC e provocaram a Primeira Diáspora (dispersão) do povo judeu (10,11,12).


É presumível que as guerras surgiram em função dessa evolução, se aceitarmos o conceito de guerra como uma atividade grupal, cooperativa e organizada, que tinha, como metas principais, a pilhagem de bens e a escravização de grupos humanos. É presumível que as guerras tiveram início quando alguns grupos humanos adquiriram a habilidade de acumular reservas de alimentos, através do plantio sistematizado de grãos e de frutas (agricultura) e construíram muralhas para a sua defesa. Esses aglomerados humanos costumavam ser atacados por outros grupos que não sabiam ou não queriam produzir alimentos e acumular reservas. É possível que as guerras tiveram início a cerca de 10.000 anos antes de Cristo. Uma evidência desse fato seriam cidades como Jericó, Jerusalém e Uruk, que foram dos primeiros agrupamentos humanos murados e que, com grande probabilidade, eram alvos de cobiça de outros povos, nômades ou não, em função de suas reservas de grãos, de seus animais confinados e de suas riquezas (6,8,10,11).

 


RESUMO E CONCLUSÕES

 

O estudo das origens do Homo sapiens indica que ele tenha herdado ou tenha sido aquinhoado, como outras espécies, com os instintos de gregarismo e territorialidade que levam, necessariamente, ao comportamento xenofóbico. Também existem indicações de que, ao adotar os hábitos alimentares de heterótrofo, carnívoro e oportunista, o Homo sapiens tornou-se, necessariamente, mais agressivo e violento, como são os predadores de outras espécies e que tem os mesmos hábitos alimentares.


No que tange a seus hábitos gregários, de viver em bandos, tribos, aldeias e cidades, houve a necessidade de adotar regras que atenuassem a sua agressividade e rejeição, inicialmente em relação aos participantes do mesmo grupo e, mais tarde, em relação a de indivíduos pertencentes a grupos estranhos.


Com a evolução da humanidade e com a adoção de um certo número de normas e princípios morais, éticos, religiosos e sociais, o homem passou a mitigar os seus hábitos assassinos e adotar o hábito de “matar” os seus desafetos de maneira simbólica. A estigmatização seria uma forma simbólica de eliminar do convívio do grupo os elementos indesejáveis, por razões fundadas ou infundadas, resultantes de preconceitos individuais ou coletivos.


Esse comportamento xenófobo pode ter sido ampliado e passou a seraplicado não somente ao indivíduo estranho, estrangeiro, desconhecido, mas também a comportamentos, hábitos e costumes inusitados. Por extensão, essas atitudes de rejeição e discriminação passaram a ser aplicadas a tudo que soasse como diferente e desconhecido, como algumas doenças e, em particular, as doenças mentais. No caso dessas últimas, os seus portadores apresentam, frequentemente, comportamentos que podem soar como insólitos e bizarros para a comunidade. Esses comportamentos é que determinariam o aparecimento de estereótipos negativos, com discriminação, estigmatização e consequente rejeição dos portadores dessas doenças.


Podemos considerar que uma forma extrema de discriminação e de rejeição de um indivíduo ou de um grupo minoritário, por parte de outro indivíduo ou grupo majoritário, seja o aniquilamento ou a eliminação do rejeitado. Esse aniquilamento pode assumir uma forma radical, como o assassinato, ou uma forma atenuada de “assassinato simbólico”. O “assassinato simbólico” consistiria na rejeição, discriminação, estigmatização e no afastamento do indivíduo estigmatizado, do convívio grupal.


 

 

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Tabela 1

Tabela 2

Tabela 3

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