
J o r g e P a p r o c k i - Psiquiatra
ENSINO
COMO FALAR EM EVENTOS MÉDICOS
Postado em 23 de outubro de 2014
Redigido pelo Professor Roy Meadow
Traduzido por Fábio Lopes Rocha e Jorge Paprocki
Publicado no Boletim do GEPC - ano 2 - nº 3 - abril de 1999 - Belo Horizonte
O incidente descrito abaixo ocorreu durante um simpósio realizado em 1969: “Este slide mostra nossos dados sob a forma de um isobolograma. Para aqueles que não estão familiarizados com isobologramas, ele de fato é...é...é...”. Segue-se uma longa pausa, enquanto o expositor vasculha seus papeis, no escuro, para ele próprio desvendar o que é, de fato, o tal isobolograma.
O grande aumento na ocorrência de eventos médicos, organizados por Universidades e Associações, sob a forma de simpósios, painéis, conferências, resulta no fato de que um número crescente de médicos recebe a incumbência de falar e apresentar seus trabalhos nesses eventos. Aqueles que são apenas ouvintes e participam da platéia, têm a chance de observar tanto as características de bom desempenho quanto às de mau desempenho dos expositores. Pode se observar, com certa freqüência, que costumam ser negligenciados alguns aspectos óbvios da boa técnica de apresentação. Alguns desses aspectos serão discutidos nesse artigo:
LER OU NÃO LER: após a apresentação de alguns trabalhos que foram lidos, uma apresentação não lida costuma ser recebida pela platéia como um sopro de ar fresco e, geralmente, é escutada com mais atenção, qualquer que seja o seu conteúdo.
Alguns expositores insistem em ler as suas apresentações devido à sua insegurança e à falta de confiança na sua capacidade de apresentação verbal não lida.
A rigor, não teria importância ler em voz alta um texto que fosse escrito de maneira conveniente; isto é, com a finalidade de ser lido em voz alta. Esse fato é muito importante e costuma ser esquecido. Deve ser sempre lembrado que quando falamos ou dizemos algo, a forma como isto é feito, em termos de nuances, ênfases, repetições, costuma ser muito diferente do que quando a mesma coisa é escrita para ser lida por outrem. Considera-se um pecado apresentar, lendo em voz alta, um texto que foi escrito para ser impresso e lido por um leitor. Um texto nunca é apropriado para as duas formas de apresentação; isto é, publicação e leitura em voz alta.
A principal desvantagem em falar sem ler, consiste no risco de deixar de lado, por distração ou esquecimento, alguns itens muito relevantes. Por outro lado, existe o risco de abordar itens irrelevantes e perder tempo nessa abordagem. O expositor corre o risco de cair na tentação de incluir uma idéa ou passagem muito vistosa ou altissonante, mas pouco relevante. Isto pode ocorrer apenas pelo prazer de ouvir a si próprio dizendo a dita passagem e esquecendo que ela pode não soar tão vistosa e altissonante para os ouvintes.
Alguns desses problemas podem ser superados, pelo menos em parte, pela redação do tema de maneira apropriada para ser lido em voz alta, a tentativa de memorização do texto, com consultas a pequenos intervalos, sem sua leitura na íntegra e o uso de lembretes sob a forma de cartões, para os trechos mais relevantes como início, meio, final, conclusões.
O QUE DEVE SER DITO: O tempo disponível para falar em mesas redondas, simpósios e painéis, costuma ser curto: habitualmente, 20 minutos. Uma exposição muito resumida e sucinta pode soar como tosca ou indelicada. Uma exposição com um número excessivo de informações pode soar superficial. Em exposições desse porte, o aconselhável é concentrar a atenção em três ou quatro tópicos relevantes e comunicá-los.
No início ou introdução deve-se definir claramente o escopo do trabalho e da exposição. No meio, deve-se elaborar-se o tema. No final, deve-se sintetizar as conclusões. Deve-se evitar a introdução de material controverso no final, o que costuma desviar a atenção do argumento principal.
A pesquisa ou revisão do tema pode ter levado muitos meses para ser elaborada e completada; entretanto, ela deve ser apresentada sem a grande massa de detalhes que podem e costumam apenas entediar a platéia. Esses detalhes são interessantes apenas para o expositor.
Listas longas de referências bibliográficas, que são necessárias e indispensáveis em trabalhos escritos para publicação, costumam soar pretensiosas e pedantes em comunicações verbais. Quando é desejável destacar e agradecer o esforço de colaboradores, essa informação deve ser introduzida de maneira discreta, no curso da exposição, de maneira que só os colaboradores a percebam.
Iniciar a exposição informando que o presente trabalho foi realizado com a colaboração dos doutores J.N.F. BERN - CASTLE & A. L. FUNGLEWOOZLE, com o patrocínio e ajuda das Indústrias X e colaboração do Departamento Y, da Universidade Z, fará com que a platéia fique desatenta antes do final da frase.
Deve ser feito todo o esforço possível no sentido de tentar construir uma introdução e um final com certo impacto. O primeiro minuto da exposição é considerado o mais crítico. Trata-se do único momento em que toda a audiência está atenta. Este momento não deve ser desperdiçado.
Nunca pressuponha ou imagine que a audiência, ainda que distinta e sofisticada, possui um elevado nível de conhecimentos acerca do assunto que vai ser tratado. Um ou dois minutos dedicados a uma explicação básica serão muito úteis para mostrar o lugar exato onde sua contribuição se encaixa. Deve ser evitado um detalhamento ou minuciosidade excessiva. "Uma criança com a idade de quatro anos e dois meses" pode ser definida como "uma criança de quatro anos". Se for dito que "uma paciente com a idade próxima do meio da terceira década", metade da platéia gastará o próximo minuto para descobrir que está se falando de uma "pessoa com trinta e cinco anos", o que poderia ser dito de maneira simples e objetiva.
COMO FALAR: é preferível falar mais devagar do que mais depressa. As pausas devem ser colocadas de maneira apropriada entre as frases, e não entre palavras isoladas. É aconselhável alternar o ritmo: um pouco mais rápido no curso da exposição e mais lento quando se deseja destacar ou dar ênfase a um pensamento. A monotonia monocórdia costuma ser um grande inimigo de toda exposição. Portanto, variações de ritmo e de tom podem ajudar, desde que não transformem a exposição numa sucessão melodiosa de altos e baixos previsíveis, nos moldes de uma canção ou opereta.
É preferível falar mais alto do que mais baixo. Quando é possível escolher um microfone, escolher sempre o de lapela; ele tem a vantagem de deixar suas mãos livres. Expositores pouco experientes costumam segurar e manter os microfones muito próximos da boca. Isto pode provocar microfonia e produzir uma mistura de guinchos e estalos, misturados com um som de ventania, provocado pela respiração.
Alguns maneirismos vocais ou verbais podem tornar-se irritantes. Evite assobiar ou exclamar algo toda vez que errar ou pronunciar mal uma palavra. Poucas pessoas notarão o erro. No caso de tratar-se de uma palavra estrangeira, muitas pessoas julgarão que a palavra é pronunciada daquela maneira mesmo. As chamadas frases de efeito também podem tornar-se irritantes ou aborrecidas.
Certo expositor dizia ao apresentar um slide: "E aqui está a nossa velha amiga, a célula gigante". Na realidade, nenhum participante na platéia, nunca pretendeu manter relações amistosas com uma célula gigante. Dizer "isto pode soar muito complicado", costuma ser um completo desastre. Parte-se do princípio que é tarefa do expositor descomplicar as coisas e dizê-las de maneira clara e compreensível. Se o expositor não for capaz de fazer isso, pelo menos não deve fazer propaganda de sua incapacidade.
Quando o expositor quer comunicar algumas conclusões, deve preparar o auditório e enunciá-las de maneira assertiva e objetiva. Se o expositor enunciar simplesmente as suas conclusões A, B, C, sem preparação prévia e depois das mesmas diz: "... essas foram as nossas conclusões"; a maior parte da audiência estará se perguntando quais foram, na realidade, essas conclusões. O aconselhável é que haja uma preparação enérgica, sob a forma de uma frase diretiva: "Agora apresentamos nossas recomendações ou conclusões: A, B, C". Essa estratégia fará com que grande parte da audiência anote rapidamente as conclusões. Não são apenas os alunos de graduação que gostam de fatos objetivos para anotar. Os pós-graduados também costumam gostar.
É bom lembrar que mesmo que uma preleção seja importante e brilhante, a platéia ficará contente quando ela estiver terminando. Comunique esse fato; isto é, que você está terminando a sua exposição. As expressões " em resumo", "para concluir", "para terminar", asseguram um aumento de atenção por um ou dois minutos. Esses minutos não devem ser desperdiçados. Eles podem ser bem aproveitados. Por outro lado, o abuso dessas expressões pode despertar o antagonismo da platéia. Poucas coisas são tão eficazes para despertar esse antagonismo do que o expositor que repetiu "para concluir" duas vezes e "para terminar" mais duas, e continua de pé falando...falando...falando.
AS PESSOAS PODEM VER E OLHAR PARA VOCÊ: os púlpitos ou tribunas, as mesas e as salas de reuniões costumam ser bem planejadas. Entretanto, podem existir exceções.
Algumas associações e sociedades com espírito cívico encaram as tribunas como se fossem pedestais, representativos do status ou poder das autoridades que vão ocupá-las. Às vezes trata-se de móveis complexos e ricamente ornamentados, atrás dos quais costuma ficar inteiramente invisível uma expositora com seu penteado sofisticado e seu decote atraente, elaborados para a ocasião.
Existe um púlpito desses em Dublin. Nesse púlpito somente são visíveis os expositores que tem mais de 1,80 m de altura. Os médicos locais, conhecedores do fato, fazem suas exposições postando-se em frente ou ao lado do púlpito.
Um outro tipo de tribuna, projetada por um arquiteto entusiasta de novidades eletrônicas, também costuma ser extremamente perigosa. Este tipo de púlpito é, geralmente, dotado de um painel de controle semelhante ao de uma espaçonave, com dezenas de botões e chaves de controle remoto e sem etiquetas que indiquem suas funções. Mesmo que o expositor seja também um entusiasta de eletrônica, o aconselhável é familiarizar-se apenas com dois botões: o que acende e apaga as luzes e o que aciona o projetor. Não toque em nada além desses botões! O risco dessa atitude impensada é o de se ver às voltas com um auditório freneticamente enlouquecido - com persianas subindo e descendo, luzes piscando, ventiladores soprando, alçapões abrindo-se e projetores e retroprojetores surgindo do chão. Tudo isso ao mesmo tempo.
Alguns maneirismos vocais e motores podem distrair a platéia e desviar a atenção. Existe uma grande variedade de movimentos possíveis: balançar-se sinuosamente como se estivesse em uma luta livre e esquivando-se de um ataque; realizar movimentos rítmicos de dança tipo rock; caminhadas de longa distância pelo palco ou auditório; comportar-se como um perdigueiro enjaulado antes de uma caçada. O aconselhável é manter-se sereno, atrás ou ao lado do púlpito. Evitar manter-se escondido atrás do mesmo, como se estivesse se esquivando de possíveis livre-atiradores. Evitar, também, espreguiçar-se languidamente no púlpito, como se estivesse fazendo propaganda de suspensórios ou calças. Por esse mesmo motivo, deve-se evitar colocar as mãos por dentro da cintura de suas calças.
O que fazer com as mãos também pode constituir-se em um problema. Se suas mãos tremem, não segure papéis, pois eles ampliam o tremor. Coloque os papéis no púlpito ou na mesa e segure firmemente o tampo com as mãos.
É aconselhável manter-se olhando para o auditório como um todo. É muito desagradável para o auditório constatar que a preleção está sendo endereçada somente para o professor, sentando no canto esquerdo da primeira fila. Pior ainda é quando o expositor fixa, durante toda a conferência, um ponto vago no teto. Após alguns minutos muitas pessoas do auditório estarão também olhando para o teto e, às vezes, com certa apreensão.
É bom manter-se em um lugar onde se possa ser visto por todos e por todo o tempo. Se o ambiente foi obscurecido, para permitir a projeção de slides, o tempo desse obscurecimento deve ser o mais curto possível. É aconselhável manter-se bem iluminado. Uma voz vindo do nada, como se fosse do além, é desagradável de escutar. Considera-se errado começar uma exposição com a frase: "Apaguem as luzes - primeiro slide, por favor". Esse tipo de início costuma desestimular a atenção. A recomendação de "acender as luzes" costuma assegurar a volta da atenção por alguns minutos. É muito aconselhável manter-se plenamente iluminado durante as conclusões ou recomendações finais.
SLIDES E TRANSPARÊNCIAS: a elaboração de slides e transparências é um assunto muito bem estudado por um grande número de autores. O ponto mais importante desse aspecto é o de que um slide nunca deve conter um número excessivo de informações, ou de linhas, ou de tópicos. Em um encontro recente foi projetado um slide com 64 linhas e que parecia uma página de catálogo telefônico. O problema da cor do slide tem merecido discussões muito animadas. Entretanto, esse aspecto é considerado de pouca importância, quando comparado com o problema do seu uso inadequado. De um modo geral, os expositores não levam em devida conta o uso correto dos slides.
Quando os slides estão sendo projetados, as luzes são diminuídas ou apagadas e, automaticamente, perde-se um pouco do contato com a platéia. Apesar disso, freqüentemente os expositores dão grande ênfase aos slides em suas comunicações: relato de casos, métodos, conclusões. Projetado o slide ele costuma ser lido inteiro pelo expositor, como se a platéia fosse composta de analfabetos. Os slides devem ser usados apenas para tabelas, gráficos e fotografias. Devem ser usados de maneira econômica e parcimoniosa fora dessa finalidade.
Todos os slides exigem uma explicação: deve-se falar acerca do assunto do slide e não acerca do slide. A arte consiste em fazer uma breve introdução, explicar eventuais abreviaturas e permitir à platéia olhar para o slide. Após pequena pausa, podem ser feitas curtas considerações ou conclusões. Nunca deve ser feita leitura detalhada dos dados do slide.
Os slides ou transparências tomam tempo - ou pelo menos deveriam tomar. Em um encontro internacional recente houve uma apresentação com 67 slides apresentados em 12 minutos. Essa apresentação provocou nistagmo em metade do auditório e lembrou um curso de leitura dinâmica. Algumas associações recomendam a seus membros apresentar um máximo de seis slides em dez minutos. Trata-se de uma recomendação pertinente, embora excessivamente rígida. Ela impede o expositor de apresentar slides rápidos, às vezes muito evocativos, como fotografias de pacientes (vamos lembrar que o prof. Meadow é pediatra).
Apresentar um slide com a fotografia de um paciente, geralmente é encarado com simpatia, após uma sucessão de gráficos e tabelas. Quando se projeta a fotografia de um paciente, é aconselhável que se trate de um paciente com tratamento bem sucedido, se possível já em sua casa; uma mensagem colocada dessa forma com um menino de camiseta, em seu triciclo, é muito mais enfática que a fotografia de um menino encolhido, ao lado de uma mesa de exame.
O emprego de um apontador ou caneta laser é indicado para chamar a atenção para aspectos relevantes. Um apontador é mais indicado, desde que seja usado corretamente; isto é, próximo da tela, para que não provoque duas imagens juntamente com sua sombra. Uma outra vantagem do apontador é que após o seu uso ele é deixado de lado. O risco do uso da caneta laser é que o expositor pode continuar a mantê-la acesa, por distração. Dessa forma, a mancha luminosa continua flutuando pelo teto e pelas paredes, sendo seguida por parte da platéia e constituindo-se em elemento de distração importante. Além disso, o laser nem sempre indica com clareza quando se trata de slides coloridos.
O último slide sempre é bem vindo: ele significa que o final está próximo e há uma melhora de atenção por alguns momentos. Por isto, mesmo que os slides estejam sendo projetados por outra pessoa, ou por controle remoto, vale a pena dizer: "este é o último slide", e acender as luzes para concluir.
ENSAIO: a única maneira de ter certeza de que a exposição caberá no tempo determinado pelo regulamento é ensaiá-la com antecedência. É bom lembrar que usualmente, no dia da apresentação formal, o tempo necessário costuma ser dez por cento mais longo que o do ensaio. O ensaio é indispensável, quer em apresentações faladas quer em apresentações lidas. Nada mais desagradável que ouvir alguém lendo uma exposição, como se ela tivesse sido escrita por outro autor, com letra ilegível. Sem ensaio, qualquer apresentação será pobre.
Alguns professores ou chefes de departamentos exigem que as apresentações sejam feitas para os membros do departamento, antes da apresentação formal, para que o conteúdo e a apresentação possam ser apreciados e criticados. Trata-se de um bom sistema quando o número de participantes é pequeno. Se a reunião conta com muitos participantes, as avaliações costumam ser pobres. A melhor maneira de ensaiar é diante de apenas um amigo, com as características de um crítico severo. A dificuldade é encontrar uma pessoa, com características de crítico severo e ao mesmo tempo interessado em estratégias de falar em público.
Ensaiar diante de um espelho ou com a ajuda de um gravador pode ser útil, mas o ensaio ideal, quando possível, deve ser feito no auditório no qual vai se realizar o evento. Vale a pena visualizar os seus slides na tela, já que eles podem parecer bem diferentes do que quando olhados em tamanho pequeno. Muito freqüentemente os expositores nem reconhecem seus próprios slides quando projetados. Alguns chegam a exclamar "este não é meu!". Algumas vezes, o expositor que vê pela primeira vez seu slide, enorme e colorido na tela, fica tão embevecido que suspira de encantamento e tem dificuldade de prosseguir falando. Um grande número de expositores somente detecta erros ou enganos em seus slides quando os vê projetados.
PERGUNTAS E COMENTÁRIOS: as perguntas e comentários podem ser difíceis de serem respondidas, já que elas não podem ser preparadas com antecedência ou ensaiadas. Devido a essa dificuldade, o aconselhável é refletir alguns instantes e estar seguro que estão sendo respondidos os tópicos essenciais da pergunta. Se o evento ocorre em uma sala onde os que perguntam não podem ser bem ouvidos, a pausa para pensar pode ser disfarçada com a repetição da pergunta.
A resposta deve ser breve e sucinta. Trata-se uma pergunta e não um convite para uma nova exposição e muito menos um convite para mostrar mais meia dúzia de slides. Conclua sua resposta de maneira taxativa. Evite finais como se fosse uma série de reticências ..., ..., ...,
Você pode ter medo e sentir-se tolo quando se sente encurralado por uma pergunta pertinente. Não há razão para esse temor já que a maior parte da platéia nem percebe esse fato.
Lembre-se que a pessoa que pergunta tomou coragem para ficar de pé e falar. Se a pergunta ou comentário não merece uma resposta específica, é de bom tom manifestar o seu reconhecimento, mesmo que seja com um "muito obrigado por seu interesse e comentário!"
TRUQUES DO OFÍCIO: bons expositores possuem seus próprios truques e têm o direito de usá-los, já que o seu uso pode tornar a exposição mais clara e agradável. Os truques podem ser aprendidos por todos, mediante a observação atenta de outros expositores bem sucedidos. Esses truques consistem de maneirismos no modo de falar e agir que conquistam a atenção e os sorrisos de apreciação do auditório. Alguns expositores fazem pausas, como se estivessem procurando a palavra ou a expressão correta e a enunciam como se fosse algo novo, encontrado naquele momento. Na realidade a palavra ou a expressão foi preparada com três dias de antecedência, mas soa expontânea e conquista a apreciação da platéia. Outros expositores criam deliberadamente certa confusão verbal para despertar a platéia.
Se você não é o primeiro a falar, observe e estude os expositores que lhe antecedem. Dessa maneira algumas falhas do local se tornarão aparentes e poderão ser contornadas quando chegar a sua vez. Se você for capaz de comunicar o seu deleite e interesse pelo assunto, a platéia compartilhará esse deleite e este interesse. Se você ensaiou devidamente sua exposição, a probabilidade de deleitar-se com ela é também grande.
Prazer e humor não exigem necessariamente piadas ou anedotas. Um expositor que veio do Canadá até a Inglaterra para participar de um evento e dispunha de dez minutos de exposição, gastou quatro minutos e meio para contar uma piada acerca de um cachorro peludo. Uma tirada de humor, breve, pode ser apropriada. Anedotas formais e longas devem ser evitadas.
Com alguma prática, a maior parte dos expositores torna-se capaz de comunicar seu prazer e interesse. Muito poucos tornam-se capazes de comunicar humildade. Um grande especialista, falando com humildade, causa uma grande impressão. Isso é uma lição para todos nós, que não somos tão grandes especialistas: a de que nossas exposições se tornarão mais aceitáveis quando temos consciência das limitações de nosso trabalho e da nossa exposição e sabemos exprimir, publicamente, essa consciência, com humildade.
Costuma-se dizer que um expositor experiente é aquele que comete os mesmos erros com confiança crescente. Um bom expositor é aquele que é capaz de perguntar a seus críticos quais são os erros que ele costuma cometer em suas exposições e tenta corrigi-los.
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